Crítica: Cura Ancestral

Um retrato de fé e resistência: o impacto de Cura Ancestral no cinema e no debate sobre racismo religioso

Cartaz do filme "Cura Ancestral" com fundo em tons terrosos. Em primeiro plano, à esquerda, uma vela branca acesa. Em segundo plano, desfocados, pés descalços sobre o que parece ser terra ou tecido. Abaixo da vela, em letras brancas e estilo cursivo, o texto "CURA". Centralizado na parte inferior, em letras brancas e retas, o texto "ANCESTRAL". No canto inferior direito, em letras menores, "DIREÇÃO / HYVANNA CORRÊA" e "FOTOGRAFIA E MONTAGEM / CAIO TRINDADE".

O curta-documentário "Cura Ancestral" aborda a umbanda para discutir racismo religioso e pluralidade dos saberes espirituais

O curta-documentário "Cura Ancestral", da talentosa curta-metragem diretora da tocantinense Hyvanna Correa estreou no Cine Cultura, em colaboração com o projeto CineDebate do curso de jornalismo e da Fundação Cultural de Palmas, é se apresentou como um marco para o cinema tocantinense. Hyvanna transformou seu trabalho de TCC em um curta-documentário potente e necessário. Ela não apenas dirigiu, mas também roteirizou essa obra, fruto de muita fé e dedicação. Desde sua concepção, “Cura Ancestral" se apresenta como uma devolução para a comunidade e uma ferramenta de resistência e debate.

O documentário, que aborda a Umbanda, não foge da coragem necessária para discutir o racismo religioso e a pluralidade dos saberes espirituais. A captação de imagens é um dos pontos altos do filme. Com planos fechados que revelam a profundidade emocional dos entrevistados e detalhes ricos das imagens religiosas, Hyvanna captura a essência das falas e das vivências de representantes da Umbanda no Tocantins. A trilha sonora também merece destaque, preservando os cânticos tradicionais e criando uma atmosfera que ecoa a espiritualidade retratada. A potência de “Cura Ancestral" vai além do cinema.

Durante a exibição do filme, foi impossível não se emocionar com os depoimentos potentes dos entrevistados que vivenciam a fé na religião. O filme não só expõe os desafios enfrentados pelos fiéis da Umbanda, mas também clama por respeito, equidade e políticas públicas que favoreçam a luta antirracista e o rompimento dos estigmas que ainda cercam essas religiões. Selecionado para o Festival Cine Toca e com planos de rodar outros festivais pelo Brasil, o filme já mira uma continuação, prometendo expandir essa discussão tão relevante. "Cura Ancestral" é uma produção que emociona, educa e fortalece o cinema tocantinense, mostrando que nossa região tem muito a contribuir para o cenário audiovisual brasileiro.

Por: Carolinne Macedo (crítica de cinema do Sinopse e do jornal Primeira Página)

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