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Crítica: DaVIDAntônia
Afeto e resistência: a vida de Seu Davi e Dona Antônia eternizada no cinema

Uma história de amor, fé e luta em meio às paisagens do Tocantins
O esplendor de “DaVIDAntônia” está nos detalhes. O curta-documentário, dirigido pelo psicólogo Tassio Soares, é uma obra tocantinense que extravasa afeto e resistência, contando a história de Seu Davi e Dona Antônia, um casal cuja vida é uma ode à fé, à luta política e ao amor — tanto entre eles quanto pelo pedaço de chão que escolheram para viver. Filmado nas deslumbrantes Serras Gerais, o filme convida o espectador a entrar na intimidade desse casal que, apesar das diferenças, vive em plena harmonia, ressignificando o sentido de "lar". A paixão de Tassio por preservar essa história nasceu de um encontro genuíno com os protagonistas e da percepção de que suas vidas mereciam ser eternizadas na tela. O fruto desse encontro é um documentário que emociona.
O que torna “DaVIDAntônia” uma produção tão única é a junção do simples e do profundo. A luta do casal por preservar o lugar onde vivem, ao mesmo tempo em que compartilham sua história na pousada que construíram, transforma a obra em um mosaico cultural. Fé cristã, ativismo político e um amor resiliente se misturam em um retrato íntimo e universal. A direção sensível de Tassio Soares capta com delicadeza a força desses elementos, transformando os desafios técnicos — como o acesso difícil à propriedade, a ausência de energia elétrica e internet precária — em parte da narrativa. Esses obstáculos, longe de enfraquecer o projeto, apenas reforçam a autenticidade e a beleza da obra, mostrando que, quando há criatividade e paixão, não há barreiras que não possam ser superadas.
“DaVIDAntônia” é, pra nós, uma recordação do potencial audiovisual do Tocantins, ainda tão pouco explorado. É impossível não se emocionar com o cuidado da produção ao capturar as nuances de uma vida que, ao mesmo tempo que é única, dialoga com tantas realidades do interior do Brasil. Ao assistir ao curta, o espectador é conduzido a refletir sobre a importância de preservar histórias como a de Seu Davi e Dona Antônia — e, mais que isso, de valorizar a riqueza cultural e humana que nosso estado tem a oferecer. Esse filme é uma celebração da vida, da coragem e do amor em todas as suas formas.
Por: Carolinne Macedo (crítica de cinema do Sinopse e do jornal Primeira Página)
